Sinopse:
Mulheres Que Não Sabem Chorar conta a história de duas pessoas que se reconhecem como mulheres e que se amam em toda a sua plenitude. Desse amor renascem sentimentos que outrora fora reprimidos: dores; curas e anseios sobre o próprio amar e ser amada. Duas mulheres que precisam quebrar o pior e mais severo dos preconceitos: aquele que habita em nossas entranhas! Mais que uma relação homoafetiva, Mulheres que não sabem chorar nasceu dos meus 40 dias no deserto, durante todas as privações e isolamentos sociais. O deserto me ensinou a recolher e emanar as minhas ancestrais para me dar vida própria e encarar o mundo, depois soprei nas palavras da vida, que pulsava nas minhas veias, a força de Ísis.
Li esse livro com o coração cheio de emoção. Não somente por
se tratar de uma estória de amor, mas principalmente porque acompanhei desde o
início os acontecimentos ocorridos com a autora, vindos de gente que se opunha
à idéia de se publicar um livro sobre relacionamento homo afetivo. Gente que se
acha acima de todos os outros seres.
As agressões, os inúmeros bloqueios de perfis, boicotes
virtuais, xingamentos pessoais, sinceramente, coisa de cinema, só em novela da
Globo eu tinha visto coisa igual. Mas, contra tudo, a Lilian não desistiu, e
hoje seu livro é sucesso, lido e comentado nas redes sociais. Na minha opinião,
é muito romântico, libertador até, e não entendo o porquê de tanta polêmica.
Polêmicas, aliás, que me fizeram esperar por um livro debochado
e sem pudor, um livro que abordasse o lado cru do homossexualismo, com
transparência, de pessoas assumidas e bem resolvidas, dispostas a “sapatear na cara
da sociedade”. Risos. Mas me deparei com tanto amor, tanta dor...
O livro conta a vida de personagens que bem podiam ser nós
mesmas, quantas e quantas vezes somos obrigadas a agirmos como a sociedade
exige, como a família quer! Quantas de nós fomos tolhidas, podadas, emudecidas,
para nos adaptarmos à uma parcela de gente machista e que não valoriza a
opinião da mulher.
Me identifiquei de cara com a Olga, não que tenha na vida
enfrentado tantos problemas quanto ela, mas por tanto sofrimento passado. O
sofrimento também aproxima as pessoas. A Marisa é mais forte aparentemente, mas
no fundo é o mais fraco dos lados. É por ela que se inicia, é por ela que
termina.
O que posso dizer do livro? É lindo, é chocante, tem a
crueldade presente no ser humano, um pouquinho de recalque (por que não?)
também, mas tem muito amor, um amor inocente, me julgue quem quiser, mas em
todo relacionamento homo eu sempre vejo um pouco mais de inocência, até porque
eles estão começando abertamente agora o que já fazemos há séculos com
permissão dos nossos pais. E tem medo. Medo de julgamentos. Medo de si mesmo e
dos seus sentimentos. O medo que todos nós sentimos, quando queremos muito algo
que não conhecemos muito bem.
Chorei. E confesso que esperava um final diferente. Mas amei
o final que a autora propôs. Para mim, esse romance sempre está se renovando ao
meu redor. Recomendo.
Título: Mulheres que não sabem chorar
Autora: Lilian Farias
ISBN: 9788582700655
Editora: Literata
Ano: 2014
Páginas: 161
Até a próxima!
Ana Trajano